Na distância é que se conhece [é vero!]

Em falta... Eu não havia postado este ótimo artigo da coluna da Nina :)


Lobo em pele de cordeiro:
a gente só conhece a a pessoa quando se afasta dela

Por Nina Lopes

Aquela meiguice te deixou de perna bamba. Nenhuma mulher havia lhe tratado com tanto carinho e atenção. E os olhares de paixão, então? Quase paravam seu coração, tamanha felicidade. Você seria incapaz de fazer algo que pudesse prejudicá-la, magoá-la ou feri-la, pois ela é a mulher mais doce que já conheceu. O relacionamento vai ganhando vida e você se apaixona cada dia mais, a admira cada dia mais, a deseja cada dia mais. É lógico que ela tem defeitos, quem não os tem? Mas eles são sobrepostos pelas qualidades que fizeram com que você a escolhesse como sua companheira, desejando que seja para todo o sempre. A vida, porém, sempre nos reserva surpresas e, infelizmente, o relacionamento acaba.Sem grandes traumas e de maneira mais amigável possível, vocês se separam. É a partir deste dia, contudo, que você tem acesso a uma outra pessoa a quem nunca conheceu e que nunca "apareceu" durante o tempo que ficaram juntas. Ela passa a ser exatamente isso, uma outra pessoa. Mesquinha, egoísta, arrogante, prepotente e que faz de tudo para magoá-la, justo a você, que a tratou com tanto carinho e amor.- Quem é você? – você pergunta, sem reconhecer aquela que há pouco tempo atrás dizia "eu te amo" e "quero te fazer feliz" com tanta convicção que até o mais cético dos seres humanos seria capaz de acreditar. De uma hora para outra ela perde todo o encanto e passa a ser uma pessoa da qual você não quer nem amizade.Quem já não viveu algo semelhante? De se dar conta que não conhecia verdadeiramente a pessoa com a qual dividia uma vida? A pergunta que não quer calar é: será que as pessoas realmente mudam ou será nossa percepção a respeito daquela pessoa que alcança outro patamar?Dizem que só conhecemos alguém verdadeiramente quando terminamos o relacionamento. É nesse momento, que ela já não tem mais nada a perder, que ela mostrará exatamente quem é. Somos seres movidos a sentimentos, mas, sobretudo, animais em evolução. Animais? Sim, animais. Algumas reações são puramente instintivas. Algumas mudam porque não aceitam a separação ou porque não admitem ter "perdido" o objeto de desejo e, tentando camuflar estes sentimentos, tornam-se agressivas e manipuladoras. Outras, por não desejarem mais laços afetivos com você, inconscientemente fazem de tudo para afastá-la, muitas vezes machucando, humilhando e desprezando seus sentimentos. Às vezes a gente só se encontra mesmo quando perde de vez. Dê um tempo para ela e para você. Deixe que vocês encontrem seus caminhos individuais e, se um dia eles se cruzarem, que seja de maneira natural e impulsionado por sentimento verdadeiro de amizade. Exercite diariamente a capacidade de empatia, em todos os aspectos da sua vida. Coloque-se no lugar da outra pessoa, tente entender a razão pela qual ela agiu daquela maneira e tenha paciência. Quando todos os sentimentos negativos passarem, os seus e os dela, você a enxergará de um modo completamente diferente daquele que a enxergou quando a conheceu e daquele que a viu quando terminaram. Pode apostar.

Nina Lopes tenta ser empática todos os dias e é editora do site Balaio de Gata – www.balaiodegata.com.br