"Cada um sabe a dor e a delícia de ser o que é. / Each one knows the pain and the delight of being what they are." (Caetano Veloso)

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Friday, July 18, 2008

Viva o ecletismo, a diversidade e "as Marias na Leslie Augusta" !






A "120 por hora", rua Augusta se transforma apostando no ecletismo e na diversidade do seu público

Vinícius Segalla
Especial para o UOL
Em São Paulo

---- Aquilo que já se previa há muito, finalmente aconteceu !! Viva a diversidade e as gatas da capa !! -----
Ela já foi eternizada em canções da Jovem Guarda, já foi referência para o setor hoteleiro de São Paulo e, ultimamente, era conhecida por suas saunas mistas, casas de prostituição e garotas de programa se oferecendo nas calçadas. De 2005 para cá, porém, a tradicional rua Augusta, no trecho de pouco mais de 1.600 metros que vai do centro à avenida Paulista, vem passando por outra transformação.

Primeiro, foram as casas noturnas de rock alternativo, como o Vegas e o Sarajevo, que começaram a dividir o espaço com os inferninhos. Depois, vieram as mesas nas calçadas dos botecos, cada vez mais lotados, mais casas noturnas e ainda uma gama de restaurantes e lanchonetes. É difícil passar um mês sem que uma nova casa abra as portas na Augusta. Nela, misturam-se descolados, freqüentadores de prostíbulos, gays, lésbicas, emos e boêmios em geral. O clima é de harmonia e pouca gente reclama da vizinhança, pelo contrário.A chamada Baixa Augusta, parte da rua que vai de seu início, na rua Antonia de Queiroz, até a avenida Paulista, abriga sete casas noturnas, 12 inferninhos ou saunas mistas e mais de 40 bares, botecos, restaurantes e lanchonetes. Além disso, o trecho ainda tem nove hotéis, quatro opções para jogar sinuca, três galerias comerciais, cinema, teatro, faculdade, academia e até uma escola de educação infantil. Os donos de negócios citam basicamente três fatores de atratividade da rua: baixo preço do aluguel, movimento e presença de público em praticamente 24 horas por dia e consumidores com dinheiro no bolso.Inaugurado há três semanas, o "Yoi! Rolls and Temakis" é o restaurante mais novo da região. Fica no número 1.292, próximo à rua Fernando Albuquerque. "Eu queria abrir na Augusta. Ela já tem marketing próprio, se vende sozinha, todo mundo gosta de passear aqui", resume a proprietária Roberta De Meo, 26, que abre o seu restaurante de cones japoneses todos os dias às 12h, e só fecha quando o dia está amanhecendo. Segundo ela, na hora de escolher o local, ela ficou entre a região central da Augusta e a dos Jardins, para o outro lado da Paulista. "Mas conversei com um amigo que tem franquias dos dois lados e não tive dúvidas: o Centrão era o caminho."O estabelecimento de fast-food oriental de Roberta é uma franquia que mantém rígido controle sobre a apresentação das lojas. Elas devem ter padrões de cores, iluminação e disposição de mesas e balcão. Mas, na rua Augusta, é possível flexibilizar as coisas. "Queremos construir um sex-shop no mezanino, e o proprietário já permitiu. Vale a pena para entrar no clima da rua", conta Marcelo Grimaldi, marido e sócio de Roberta.Um pouco mais para cima, no número 1.416, está o Kebab Salonu, restaurante de comida árabe e turca com um tom moderno e elegante. A culinária é uma releitura da cozinha do Oriente Póximo, e o chef e proprietário Rodrigo Libbos, de descendência turca, estudou a fundo os pratos da região para abrir seu negócio. "Aqui não é um restaurante árabe tradicional, feito para a colônia. É feito para quem quer experimentar coisas novas, está aberto a novas experiências, por isso escolhemos a rua Augusta", conta Libbos, que está há um ano à frente da casa e já ampliou o número de funcionários de 15 para 24.Segundo ele, a escolha da Augusta se deu por conta do perfil de quem a freqüenta. "A definição não foi por perfil de renda, e sim por perfil cultural. Viemos para Augusta buscar esse público que tem interesse pelo que é sofisticado e não tem medo do novo", diz o proprietário. E as prostitutas que ficam próximas, a juventude barulhenta e, não raro, embriagada que freqüenta os arredores, não atrapalham o negócio? "Pelo contrário, esse é o charme da Augusta. Todo mundo aqui sabe conviver com o outro. Meu público vai dos baladeiros às famílias e estrangeiros, passando pelos executivos na hora do almoço. Na Augusta, todos convivem bem."Mas há quem se incomode com os novos ares da Augusta. Para algumas garotas de programa que trabalham nas calçadas, seus clientes estão intimidados com a "invasão" da rua. Malu, 28, trabalha na Augusta desde os 18, e desde o fim do ano passado sente uma queda no movimento. "Muita gente que vinha aqui antes hoje em dia tem medo de encontrar o amigo do filhinho andando pelas baladas", lamenta a prostituta, que completa dizendo que, antes, costumava fazer de oito a dez programas em uma noite boa. "Hoje, se fizer meia dúzia, tá no lucro".Stefanie, colega de Malu, concorda. "Tem que ficar na rua até mais tarde, para pegar quem tem medo de vir cedo. De sábado e domingo eu só saio daqui às 8h da manhã", revela a garota de programa, que cobra R$ 100 por uma hora de serviços prestados.A contrariedade com as novas tendências da rua Augusta, porém, é exceção. Na Boca Club, casa noturna de orientação GLS que abriu no último mês de abril, o ecletismo da região é bem-vindo. "Em frente à casa tem um desses inferninhos. Se quer saber, eu acho que eu os ajudo e vice-versa. Eles são parte do folclore da rua, quem vem aqui gosta de ver isso também, de sentir que está numa região liberal, com um quê de underground", opina Bebete, dona do Boca Club. Veterana da noite paulistana, Bebete já tinha um bar na Haddock Lobo, e decidiu apostar na Augusta porque sentiu o potencial da rua, que não pára de ganhar novas casas. "Eu adoro o centro e o clima daqui. Vi que dava para abrir uma casa noturna aqui porque na Augusta estão todos passeando, decidindo onde parar. O público está aí fora, esperando um convite para entrar", diz. Em cada horário, um públicoDe acordo com Bebete, cada momento da noite tem um público diferente na Augusta. "Até 1h, 1h30 da manhã, o clima é de alegria e 'happy hour estendido'. As pessoas estão passeando e decidindo aonde entrar. Depois, até umas 3h30, a rua é tomada por gente passando de carro com som alto, que nem para olhar a rua, ficam apenas passando em seus carros e fazendo algazarra. No fim, depois que essa turma volta para as suas casas, a Augusta volta a ser ela mesma, com seu público indo e vindo, parando para tomar a última cerveja ou conversar com a última prostituta". Bebete acredita que, à exceção do público dos carros das 3h da manhã, todos os demais, dos freqüentadores dos botecos e cinemas até os jovens emos que tomam uma cerveja sentados na calçada, se sentem e cuidam da Augusta como as suas casas. "Aqui as pessoas se sentem confortadas. É um lugar que aconchega, pois recebe bem a todos."As casas noturnas e bares atraem pessoas diferentes que só têm uma coisa em comum: o gosto pelo convívio com gente diferente. Na entrada do Vegas, uma casa para descolados que fica no ponto de maior concentração de saunas mistas, a estudante de arquitetura Mariana Lindes Campos, 22, aguarda na fila enquanto prostitutas passam em volta e um rapaz alcoolizado ameaça vomitar no meio fio. De salto alto, saia de lantejoulas e casaco com gola de pele, ela conta o que vê de bom na Augusta. "Eu gosto dessa coisa viva, dessa gente louca andando para lá e para cá. Se quero ouvir música eletrônica, venho aqui no Vegas. Mais ali embaixo, no Inferno (outra casa noturna da Augusta), toca rock com banda ao vivo. E também dá só para tomar cerveja e conhecer gente nos botecos", conta ela, de cerveja na mão e cigarro entre os dedos, sorridente e desenvolta.Um pouco mais para baixo, bem no início da rua, funciona desde março um espaço para lésbicas. É o Studio Roxy, de fachada discreta e fila só de meninas. O local é o que se costuma chamar de "lesbian chic", tem entrada a partir de R$ 30 e reúne aquelas que gostam de dançar ao som das pistas ou de uma cantora de MPB, tomando algo mais sofisticado que só cerveja. L.G., 25, resume bem o espírito de quem freqüenta a região. "Achei ótimo que essa casa abriu aqui. Sempre vinha aqui para ir ao cinema, mas balada só na Consolação, do outro lado da Paulista. Agora, já fico direto na Augusta, essa rua tem de tudo."

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